Desentendimentos dos EUA com a China pode beneficiar o Brasil?

Duas medidas de Donald Trump (foto) confirmaram para o mundo a mudança radical dos EUA em relação ao comércio internacional e à globalização: a nomeação de Peter Navarro para o recém-criado Conselho Nacional de Comércio e a retirada do país do Acordo de Parceria Transpacífico (TPP), assinado em 2015, inviabilizando assim o maior acordo comercial (40% do PIB mundial) da história. O professor da Universidade da Califórnia Peter Navarro, autor do livro e do documentário “Death by China”, crítico feroz da atuação do governo e das empresas chinesas, faz parte agora do time de conselheiros de Trump, reforçando seu posicionamento beligerante em relação aos produtos importados, em especial os da China, ao livre comércio e à entrada de trabalhadores estrangeiros nos EUA.

Há quem considere que a China será beneficiada pelo fim do TPP, acordo comercial no Leste da Ásia que a excluía. Como os chineses são muito ativos politicamente, devem manter sua primazia na região através da Associação de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), e de iniciativas recentes, como o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (criado em dez/2015), do qual o Brasil também faz parte como país fundador; a Parceria Regional Econômica Ampla, em negociação entre a China e 15 outros países da região, menos os EUA; e o Foro Boao para a Ásia, cuja edição 2016 com o tema “Novo Futuro da Ásia: Nova Dinâmica e Nova Visão” ocorreu na província chinesa de Hainan.

Além disso, enquanto o presidente dos EUA lança uma grande ofensiva protecionista com o objetivo anunciado de recuperar empregos para os norte-americanos, a China investe cada vez mais na efetivação da logística entre os países europeus e os do leste asiático e da Ásia central com dutos, ferrovias e transporte marítimo. E aumenta suas importações para atender o crescente mercado interno chinês – o que tem beneficiado diretamente o Brasil, principalmente nas exportações de produtos agropecuários. Em 2017, por sinal, as compras da China deverão fazer a diferença nos segmentos de aves, suínos e celulose.

Ainda é cedo para se avaliar quais serão os resultados da nova política comercial dos EUA para a China e de que maneira o Brasil poderá se beneficiar dessa “briga de cachorro grande”, pois os dois países têm estratégias claras e mercados consumidores imensos. Os EUA prometem fechar as portas para produtos originários da China, algo que não será fácil de realizar porque boa parte das exportações chinesas para os EUA é de empresas norte-americanas instaladas na China. E o gigante asiático compra muito dos EUA e possui mais de US$ 3 trilhões em reservas cambiais.

Será necessário acompanhar muito de perto os próximos passos dos dois gigantes para evitar que o Brasil seja prejudicado e, se possível até, aumentar a sua fatia de participação no comércio mundial e voltar a atrair investimentos produtivos.

 

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