Arquivos mensais: novembro 2014

Crescimento Vertiginoso das Operações Com Ações Chinesas

O valor médio das ações que mudaram de dono durante 30 dias na bolsa de Xangai ultrapassou 200 bilhões de yuan (US$ 32,6 bilhões) pela primeira vez em quatro anos no dia 25 de novembro, após se triplicar nos últimos seis meses, segundo dados compilados pela Bloomberg. O movimento das vendas superou este patamar pela última vez em 9 de novembro de 2010, o mesmo dia em que o Shanghai Composite começou a cair 38 por cento e em um mercado baixista. O crescimento anterior ocorreu em 7 de agosto de 2009, dois dias depois do começo de uma baixa de 23 por cento.

“Há uma boa chance de que estejamos em um pico do mercado neste momento”, disse David Cui, estrategista do Bank of America Corp. para a China, primeiro colocado pela revista Institutional Investor, ontem em entrevista por telefone. “Com base na experiência desde a crise financeira global, cada vez que o volume cresceu rapidamente, houve uma alta temporária para o mercado”.

Os saltos das operações podem sinalizar picos do mercado porque refletem uma “euforia” excessiva dos investidores com as ações, segundo Cui. O Shanghai Composite cresceu 23 por cento neste ano, levando as cotações para seu máximo em 20 meses. O vínculo da bolsa da cidade com a de Hong Kong abriu mais o mercado para os investidores, e o Banco Central reduziu inesperadamente as taxas de juros pela primeira vez desde 2012.

Histórico de operações

O rali fez com que o Shanghai Composite operasse 33 por cento acima do seu último mínimo de mercado baixista, atingido no dia 3 de dezembro de 2012. O indicador registrou uma média de ganhos de 41 por cento durante mercados altistas desde 2008, e uma média de retrocessos de 33 por cento em mercados baixistas, segundo dados compilados pela Bloomberg. O índice subiu 1 por cento para 2.630,49 no fechamento do mercado hoje, o patamar mais alto desde agosto de 2011.

As operações na bolsa de Xangai quase dobram a média de cinco anos e superam em 29 por cento o movimento das vendas na Bolsa de Nova York. O valor das ações que mudam de mãos na bolsa chinesa quebrou um recorde com 330,9 bilhões de yuan em 11 de novembro e era de cerca de 316 bilhões de yuan ontem.

As ações chinesas vêm passando por um rali desde que Cui, do Bank of America, disse em julho que elas caminhavam para um declínio e que ele reiterou essa visão em setembro. Embora diga que as ações podem “fazer coisas que desafiem as variáveis econômicas fundamentais por um tempo”, Cui manterá sua posição pessimista porque diz que os níveis de endividamento corporativo estão crescendo e que a China ainda sofre um excesso de capacidade em alguns setores.

Redução de taxas

As aberturas de capital na China Continental registraram um ganho médio de 43 por cento no seu primeiro dia neste ano em meio à pressão regulatória para impedir registros supervalorizados. O Banco da República Popular da China reduziu sua taxa de referência para créditos a um ano em 0,4 ponto porcentual para 5,6 por cento, em vigência a partir de 22 de novembro, e bancos como o JPMorgan Chase Co. preveem que mais ajustes virão depois do corte, para apoiar o crescimento econômico.

Há indícios, além do crescimento acelerado das operações, de que o rali do Shanghai Composite foi longe demais e rápido demais. O índice de fortaleza relativa do indicador em 14 dias aumentou para 79,6 ontem, seu máximo desde julho, superando o limiar de 70 pontos utilizado por alguns operadores como sinal de que os ganhos estão à beira de uma reversão.

“Temos um excesso de alavancagem e de capacidade, e estas coisas estão piorando, não melhorando”, disse Cui. “Os ajustes de taxas e o relaxamento só vão lançar mais liquidez no mercado imobiliário e nas atividades especulativas. Eu não penso que isto ajude as perspectivas de crescimento da China no longo prazo”.