China aprova importação de US$ 2 bilhões de milho brasileiro

A China anunciou nesta terça, dia 8, que aprovou um acordo com o Brasil para a importação de volumes consideráveis de milho. O objetivo é reduzir a dependência dos Estados Unidos, que hoje fornecem mais de 90,0% do grão comprado pelo gigante asiático. Com isso, o governo chinês espera diversificar e aumentar a oferta de milho no país, cuja demanda cresceu 39 vezes em volume entre 2009 e o ano passado, embora as importações representem apenas 2,0% do consumo nacional.

O acordo foi assinado em 31 de março pela Administração Geral de Supervisão de Qualidade, Inspeção e Quarentena da China. Segundo analistas, o documento levou meses para ser preparado até que a China decidisse quais tipos de milho produzidos pelo Brasil são aceitáveis para compra.

Segundo maior exportador mundial de milho, atrás apenas dos EUA, o Brasil não é o primeiro país latino-americano a firmar um contrato com a China. Em julho do ano passado, a Argentina, terceiro maior exportador global, fez sua primeira venda de peso para a nação asiática: 66,0 mil toneladas.

Em 2013, o Brasil chegou a vender alguns lotes para a China, mas totalizando poucas centenas de toneladas. Volumes maiores, como os que devem ser observados a partir de agora, só se tornaram possíveis com um pacto fitossanitário acordado entre os dois países em novembro, como anunciado na época pelo então ministro da Agricultura brasileiro, Antônio Andrade.

O novo contrato colocará o Brasil no grupo de países com os quais a China tem relações para importação de milho. Em 2011, a China adquiriu 10,0 mil toneladas do cereal produzido apenas por EUA, Laos e Mianmar. A partir do ano passado, entretanto, Argentina, Ucrânia, Rússia e Índia também passaram a vender.

Em 2012, os Estados Unidos chegaram a responder por 98,0% de todas as importações chinesas, participação que caiu para 91,0% em 2013, ano em que um lote de 545,0 mil toneladas foi rejeitado por conter milho geneticamente modificado não permitido por Pequim.

 

Abastecimento chinês

Os temores chineses são de um déficit de milho nos próximos anos por causa da aquecida demanda da indústria de gado e de processadoras de alimentos. Altos funcionários do governo dizem que essa demanda deve continuar firme e que a tendência é de a China importar cada vez mais milho.

Para garantir o abastecimento, Pequim não está apenas fazendo acordos com outros países. Neste ano, a estatal de grãos chinesa Cofco adquiriu 51,0% da trading holandesa Nidera por US$1,2 bilhão e também formou uma joint venture com a divisão de agronegócio da Noble Group, com sede em Hong Kong, por US$1,5 bilhão.

 

Abastecimento interno

De acordo com o analista de mercado Liones Severo, que deu entrevista ao Canal Rural,ainda não sem tem notícias sobre a quantidade que será enviada para a China, mas há milho suficiente para atender a exportação. Segundo ele, a demanda será extra e deverá repercutir nos preços já do milho safrinha. A exportação deverá gerar mais estabilidade para o mercado de milho e equalização de preços no mercado físico com base no cenário internacional.

 

Na segunda edição do programa Mercado & Cia desta terça-feira, dia 8, João Batista Olivi conversou sobre o mercado de grãos e a expectativa para o novo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), com o analista Carlos Cogo. Acompanhe a entrevista.

 

Fonte: Canal Rural. 7 de abril de 2014.

 

Deixe uma resposta