Analistas veem melhora na balança comercial da China como pontual

Os números da balança comercial da China, divulgados mais cedo, foram vistos como surpreendentes por analistas. Por outro lado, eles avaliaram que isso não deve ser o início de uma nova tendência, mas sim uma melhora pontual.

Dados oficiais mostraram que as exportações chinesas subiram 0,1% em novembro, na comparação com igual mês de 2015, enquanto economistas ouvidos pelo Wall Street Journal previam queda de 5,5%, e as importações chineses avançaram 6,7% no confronto anual de novembro, ante projeção de declínio de 0,8%. O superávit comercial chinês diminuiu para US$ 44,61 bilhões em novembro, de US$ 49,06 bilhões em outubro, e nesse caso ficou aquém da expectativa dos analistas, de US$ 46,25 bilhões.

As exportações chinesas interromperam uma sequência de sete meses de queda na comparação anual. Na avaliação do banco ANZ, porém, os números não convencem de que elas tenham registrado uma recuperação firme. “A surpresa positiva nas exportações provavelmente foi pontual”, disse o banco. Na avaliação do ANZ, possivelmente os dados de exportações de novembro refletiram o atraso em embarques que não saíram em setembro e outubro, diante de problemas financeiros com uma grande empresa sul-coreana do setor de transportes.

O Citi diz que as exportações chinesas para a maioria dos países teve uma melhora notável, embora em alguns países da região da Ásia/Pacífico e em Hong Kong tenham piorado. “O crescimento nos dados de comércio deste mês pode não ser sustentável diante da crescente incerteza global”, afirmou o banco em relatório, no qual qualifica a melhora das exportações como “temporária”. O Citi acrescentou que a estabilidade da taxa cambial do yuan se tornou um problema importante, enquanto o superávit comercial ainda considerável mostra que o yuan não está sobrevalorizado em meio a grandes fluxos de capital.

Na avaliação de Julian Evans-Pritchard, economista para China da Capital Economics, os dados melhores que a expectativa de hoje da China refletem uma melhora na demanda global e também a força continuada da economia doméstica. No médio prazo, porém, o analista diz que a perspectiva para o comércio chinês “continua desafiadora”. “Embora a demanda global tenha se recuperado um pouco recentemente, a tendência de crescimento mais fraco em muitas economias desenvolvidas e emergentes significa que um avanço maior é provavelmente limitado”, apontou.

Evans-Pritchard não acredita que um governo Donald Trump nos EUA chegue a impor medidas protecionistas danosas, mas a eleição dele ainda assim representa um revés para os esforços globais para redução de barreiras comerciais. Para o economista, há um risco crescente de correção no setor imobiliário do país e o relaxamento monetário deve começar a perder impacto. Nesse quadro, o apoio das importações para a recuperação doméstica chinesa começará a perder fôlego no próximo ano, diz o economista.

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