Arquivos mensais: setembro 2014

Parceria entre Argentina e China vai além de importação e exportação.

O comércio exterior brasileiro está vivendo momento crítico de perda de competitividade internacional. Nossas exportações diminuem a cada semana, e as importações continuam crescendo, como informa o Siscomex (Sistema de Comércio Exterior), apesar de nossa economia encontrar-se em recessão.

Nossos produtos que ainda continuam ajudando nossa balança de comércio exterior são os produtos ”commodetizados”, como grãos, carne, minério…etc, que apesar do aumento do volume exportado, arrecadam vez menos em dólar devido à queda de preços dos produtos classificados como commodities nos mercados importadores. Com isso, estamos acumulando um deficit na balança de comércio internacional.

O Mercosul desde sua criação continua perdendo representatividade e reduzindo as atividades econômicas devido às sucessivas crises e barreiras tarifárias, tributárias, burocráticas e alfandegárias, muito usadas por causa das quedas das reservas em dólar dos membros do bloco econômico.

Além disso, nossos hermanos argentinos estão vivendo desde 2001 sua maior crise econômica, após o famoso calote e a renegociação unilateral que estabeleceu o valor de face dos papéis da dívida, reduzindo em aproximadamente 70% o valor estabelecido. A repercussão foi tão impactante que 92% dos credores, assustados com a possibilidade de perda total, aceitaram o valor proposto pelo governo argentino e trocaram todos os papéis da dívida. Todavia, um grupo minoritário não concordou com a proposta e vendeu seus papéis para fundos especializados em negociação de títulos no mercado internacional. Esse programa implementado pelo governo argentino foi contestado pelos fundos detentores dos papéis iniciais junto à corte americana, que confiscou os dólares para pagamento aos fundos abutres, como são chamados pelo governo argentino.

Com isso, o comércio entre Argentina e Brasil sofreu um duro golpe, desde 2005. Nossas exportações representavam 36,4% de todas as importações argentinas. O mercado automobilístico, autopeças, linha branca e outras linhas de produtos manufaturados foram reduzido a um patamar de 22,5% no primeiro semestre de 2014.

Com a perda de crédito internacional para exportação dos produtos argentinos, nossos vizinhos até então estratégicos abriram seu mercado para os produtos chineses, cuja importação no mesmo período de 5,3% para 16,2%, substituindo em boa parte nossos produtos.

Assim, os dragões chineses vêm aproveitando a brecha no Mercosul. Os bancos centrais argentino e chinês acertaram um acordo de crédito para investimentos em infraestrutura na Argentina em mais de US$ 4,7 bilhões para construção de duas hidroelétricas e mais US$ 2,1 bilhões na renovação da rede ferroviária. O investimento no mercado argentino feito pelos asiáticos desde 2005 até julho de 2014 ultrapassam os US$ 11 bilhões contra os US$ 2,5 bilhões investidos pelo Brasil no mesmo período.

Nosso governo acompanha essa perda do nosso principal parceiro econômico com uma passividade impressionante. Não temos uma política de longo prazo para recuperar a credibilidade e a confiabilidade dos empresários nacionais.

Fonte: Diário Grande ABC (Carlos Boschetti)